Novembro 2020
Desde 2014, os estados das regiões Sudeste e Sul do Brasil passaram a enfrentar frequentemente períodos de crise hídrica. O problema atinge indiscriminadamente vários setores econômicos, incluindo a construção civil. O risco de cortes prolongados no abastecimento tem exigido que as construtoras incluam nas análises de viabilidade técnica e econômica das obras a questão do uso e manejo da água. Captar o recurso natural da rede da concessionária é a principal alternativa, mas é necessário pensar em soluções que permitam criar reservas hídricas, em caso de corte no abastecimento, para não prejudicar o cronograma no canteiro de obras.
Entre as alternativas está o reúso da água para determinadas etapas da construção. A reutilização de água de lava-rodas, de águas cinzas ou da chuva é uma solução que se espalha entre as construtoras. Outra opção é buscar no terreno da obra o rebaixamento de lençol freático. Para isso, é imprescindível uma análise prévia da qualidade dessa água, principalmente se for para produzir concreto. O gerente de laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Forti Battagin, lembra que é necessário cumprir as exigências mínimas da norma ABNT NBR 15900 (Água para amassamento do concreto – Requisitos).
No caso de projetos que buscam selos de sustentabilidade, a economia de água durante a construção é inegociável. As certificações LEED e AQUA têm entre seus requisitos o monitoramento do consumo de água no canteiro de obras. A ação pode ser feita por meio da quantificação por m² construído (medição por planilha) por equipamentos ou através de softwares, dependendo do certificador. De acordo com dados do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), não fazer a gestão da água pode ter custo de execução até 2% maior na comparação a uma obra do mesmo porte que se preocupa com o consumo no canteiro.
Na concretagem, agentes de cura são aliados em períodos de crise hídrica
Outro ponto importante é conscientizar a equipe de trabalho para evitar desperdícios. O ideal, segundo a pesquisa realizada pelo departamento de engenharia da construção civil e urbana da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), é que operários que não estejam em regime de alojamento consumam entre 45 e 65 litros de água por jornada de trabalho. Como exemplo, no Espírito Santo a concessionária de abastecimento e saneamento do Estado mediu o consumo nos canteiros de obras da capital (Vitória) e concluiu que a gestão pode gerar economia de água entre 30% e 40%.
No que se refere ao concreto, os agentes de cura são aliados em períodos de crise hídrica. Esses aditivos são conhecidos por retardar a evaporação da água e por proporcionar processos de secagem sem formação de fissuras. Também promovem economia de água no canteiro de obras, pois, dependendo da área concretada e das condições meteorológicas, podem gerar economia de até 2 mil litros por 100 m².
Fonte: Blog Massa Cinzenta